Pleno de nada

Eu queria ser o que não sou,

Ter o que não tenho,

Amar o que não amei.

Mas sou o que disso sobrou

Sem esforço ou empenho,

Tão somente pelo que sei.


Há vazios que não se preenchem,

Oceanos de solidão salgada,

Rios que desaguam nos montes;

Tais medos, plenos, me enchem,

Num imenso lago de nada

Onde a sede nasce nas fontes.


A. Almeida

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