Ciclo

 Numa manhã de Primavera,

A árvore desperta e floresce,

E dessa fria e longa espera

A magia do fruto acontece.


Mas se o tempo é contratempo,

Não passa a flor de vã promessa.

Virá seco o Verão e sedento,

O adormecimento, e tudo recomeça.


Como seres feitos, imperfeitos,

Parece-nos este acto tão injusto:

Ver na natureza os seus defeitos

Por uma flor ser só ela, sem fruto.


A natureza, porém, tem este preço,

Uma roda de morte e vida, assim,

Em que há tempo para o recomeço,

Até que se cumpra o derradeiro fim.

Sem comentários:

Enviar um comentário

O autor optou por moderar os comentários.