Ribeira da Mota

 

Das entranhas do monte
Irrompe a seiva cantante,
Em fios de fina prata,
Reluzente, bordejando leiras,
Na ansiosa procura
De um leito materno,
De um regaço de águas.

Mas o mar apela,
Como mãe pelos filhos,
E, vale abaixo,
Rasgando o verde,
Sulcando a terra,
Amaciando a fraga,
Vai a Ribeira apressada,
Fecunda, destemida,
À procura do seu destino,
Do imenso, infinito,
Azul do mar.

Parte, mas parte num risonho adeus,
Na certeza de quem sabe
Que há-de voltar:
Ao mesmo monte,
Ao mesmo leito,
E de novo ao mar.

 


Américo Almeida

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