Lamento

Nas portas do tempo andado

secou o musgo nas ombreiras cansadas

e os gonzos já não rangem

a anunciar caminheiros novos.


Na mansidão das sombras caducas

já não há descansos nem retemperos

de pés e ossos cansados.


Já não tem cor o chilreio dos pássaros

e a ribeira corre dorida na fraga

como a fugir para um descanso inalcançável.


O peso dos anos vividos

quebraram o viço de homens novos

num aperto de mandíbulas 

de um cão fantasma

que vive na noite de breu

à espera do seu repasto.


Tudo finda num lamento de nada, 

num vazio sem fundo, 

imensurável,

final.

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